
Do ponto de vista financeiro, os últimos dias já se
revelaram catastróficos: bolsa a cair, bancos a recorrerem a linhas de
emergência. A questão que se coloca no futuro é se Alexis Tsipras será o
"bom político" ou o verdadeiro rebelde outsider como ameaçou vir a ser aquando da campanha eleitoral.
É curioso que no país onde nasceu a democracia tenhamos
hoje um governo de coligação entre extrema-esquerda e extrema-direita. Se
Tsipras se revelar o "bom político" irá executar algumas medidas
anti-austeridade mas num tom mais mansinho e com a Europa a caminhar ao lado.
Se for radical avizinha-se uma tragédia financeira que subsidiariamente se
arrastará aos confins do tecido social grego.
Nos dois cenários penso que há um lado sempre positivo: a
descredibilização da Alemanha enquanto 'dona de isto tudo'. Mesmo que Tsipras
seja 'o bom político', a posição da Alemanha sai enfraquecida. É que a Alemanha
domina a Europa por defeito e isso ainda fora recentemente notório no conflito
diplomático com a Rússia. As críticas do Bundesbank à estratégia do BCE são apenas
mais um fator notório do comando germânico.
O espírito dominador da Alemanha é transversal a toda a
história dos últimos 200 anos e talvez esta 'não rendição' grega contribua para
chamar à colação essa realidade e reavivar o pesadelo alemão da II Guerra
Mundial. É interessante virem os gregos falar no perdão da dívida alemã. Há 60
anos, 70 países decidiram perdoar quase dois terços da dívida externa alemã. O
país duplicou o seu PIB na década seguinte.
A opção é delicada. Tsipras irá lançar o seu disco, mas será
capaz de fazer estremecer o velho espírito europeu? A ver vamos. Senhoras e
Senhores façam as vossas apostas, a olimpíada é de números. Por certo teremos
Zorba a dançar ao som Wagner ou Demis Roussos (um dos grandes...) em covers dos Scorpions.
Imagem - Discóbolo
de Mirón
0 comentários:
Postar um comentário