Há uns anos, uma figura por quem tenho a maior admiração pelo seu conhecimento literário disse-me: "As obras que qualquer ser humano deve ler obrigatoriamente antes de morrer são, a Bíblia e o Guerra e Paz de Tolstoi."
A filosofia antagónica destas duas obras encontra semelhanças naquilo que existe em cada um de nós...a solidariedade inerente e intrínseca ao homem.
Das duas, decidi ler o Clássico Guerra e Paz, livro que agora considero obrigatório aos apaixonados das mais belas obras clássicas.
O que mais me apaixonou ao longo dos cerca de 5 meses de leitura da obra, foi o facto de Tolstoi conseguir personificar através das várias famílias, as diversas marcas do carácter social que imperava na Rússia do Século XIX...a mesquinhez, o novo-riquismo, a coragem de um povo sofredor e ostracizado, a ociosidade das altas patentes militares e o paralelismo da felicidade da futilidade e a infelicidade da inteligência e solidariedade.
As personagens mais marcantes e impressionantes na obra, são entre várias, Pierre (figura fictícia) e Mikhail Kutuzov (figura real, Marechal de Campo e herói Russo das guerras napoleónicas).
Em Pierre encontrei inicialmente uma mente perdida e dominada pela luxúria e futilidade, mas que ao longo da obra, muito vagarosamente vai sofrendo uma metamorfose interior, fruto da guerra interior entre a existência do justo e do injusto.
Kutuzov, figura proeminente e distinta da vitória dos Russos sobre as tropas Napoleónicas, inicialmente descredibilizado pelo povo Russo,passa a figurar como grande herói e salvador da "Mãezinha" (Pátria), ao decidir impôr a estratégia inovadora da então agora conhecida "terra queimada", possibilitando assim o enfraquecimento das tropas francesas antes da maior batalha da história da humanidade até então (Batalha de Borodino - O resultado da batalha foi sempre inconcluso, apesar das partes reivindicarem para si a vitória).
Do livro fica a nostalgia de através das palavras de Lev Tolstoi, conseguir mentalmente visualizar os mais pequenos pormenores de cada página.
Depois de ler este maravilhoso clássico, declinei a conclusão que me fez levar à leitura do Guerra e Paz, porque as obras que todo o ser humano deve ler antes de morrer, são o máximo de livros que possibilitem elevar o seu conhecimento enquanto homem.